A aventura de desenhar um mangá^^

Finalmente eu e a Soni conseguimos colocar todas as páginas do mangá Vitral no site, se você quiser conferir é só visitar www.futagoestudio.com.br . Ao desenhar esse primeiro capítulo eu pude constatar várias coisas, uma delas é que o mangá tem suas regras e elas precisam ser seguidas para que o mangá fique parecendo mesmo um mangá. A primeira coisa é que não existe como fugir da quadrinização, eu cheguei a desenhar o primeiro capítulo três vezes. Da primeira vez eu fiz os quadrinhos com leitura ocidental, da esquerda para direita, então resolvi que poderia ser feito com a leitura oriental, da direita para a esquerda. Eu confesso que ficou mais fácil desenhar “ao contrário”, os quadros fluem mais. A segunda coisa que constatei é que não devemos “espremer quadrinhos” para caber em 32 páginas. Eu desenhei o capítulo todo em 32 páginas e ao voltar e ler em seqüência eu notei algo fantástico, parecia que a história estava “corrida” demais, parecia que eu havia desenhado duas páginas em uma. Então eu desenhei novamente, mas resolvi não pensar em quantas páginas eu teria que fazer. Resultado...ficou muito melhor de se ler. No mangá existe esse fenômeno, não é uma questão de desperdício de páginas como alguns pensam, mas de estética e regra de quadrinização. Se você acha que um desenhista desperdiça páginas e um capítulo de 200 páginas poderia ter sido feito em 50 você está enganado. Somente desenhando um mangá é que se percebe que algumas cenas precisam de um certo “espaço” e “tempo” para acontecerem. Um exemplo está nas páginas em que meus personagens chegam na igreja dos anjos e são surpreendidos pelos seguranças que perseguem Daiji. Eles correm para a igreja e vêem o misterioso Vitral fantasma. Eu havia feito essas cenas em apenas 4 páginas. Ficou corrido e não deu para visualizar os detalhes de cenário e do espectro guardião do vitral. Então fiz tudo novamente, as 4 páginas viraram dez e ficou melhor na minha opinião. O mangá é assim, as vezes ficamos intrigados com uma página com um único personagem em destaque, mas de outra forma o desenhista jamais conseguiria transmitir ao leitor o impacto do personagem na cena ou seu sentimento nela. Eu tenho um mangá original de Saint Seiya e no final aparece o cavaleiro de virgem, são duas páginas para ele. É perfeito! Afinal um pequeno quadro não mostraria o esplendor de sua armadura e a surpresa de Aiolia ao vê-lo. Por esse motivo acho um sacrilégio quando alguém pensa em condensar uma história para caber em um certo número de páginas. Essa minha aventura em desenhar Vitral foi muito esclarecedora e sei que o segundo capítulo me fará ver mais coisas na arte de desenhar um mangá.